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Mostrando postagens de setembro, 2017

E SE A MBOITATÁ FOSSE UMA METÁFORA ATUAL?

Esta semana lembrei da Mboitatá, lenda do sul recolhida e reescrita literariamente por Simões Lopes Neto, em 1913. A distância de um século parece irônica, mas o tempo não faz ironia, apenas passa inexoravelmente, oferecendo-nos novas possibilidades de interpretação. Nada nessa lenda abunda, tudo funciona para a construção da narrativa e para a alegoria do retorno do mundo à luz e do seu renascimento depois da morte da Mboitatá. O relato inicia nos tempos imemoráveis, que caracterizam os textos lendários: "FOI ASSIM: num tempo muito antigo, muito, houve uma noite tão comprida que pareceu que nunca mais haveria luz do dia." O narrador, contudo, introduz a multiplicidade de versões da história da Mboitatá, empregando um recurso estilístico que encontraremos vinte anos mais tarde, em pleno modernismo, nos Contos de Belazarte , de Mario de Andrade. De fato, os capítulos II e III começam pela intercalação "Minto", típica da oralidade, para reformular a versão inic