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Mostrando postagens de maio, 2017

PALAVRAS OFENSIVAS, SEM QUERER

A gente não precisa eliminar do dicionário palavras ofensivas, desagradáveis, discriminatórias. Não precisa. Não precisa ser politicamente correto para lavar a consciência, se a substância não muda. Ao contrário, é preciso compreender o quanto as palavras podem ferir e só por isso evitá-las. É preciso ter empatia, sentir o que dói no ouvido do outro para compreender os motivos pelos quais certas palavras não deveriam ser usadas, especialmente quando o uso não é utilizado com o preciso objetivo de ofender! Imagine, por exemplo, quando alguém com muita pena por uma perda devido a um desastre natural, digamos uma chuvarada que estraga a horta, exclama: "que judiaria!". A expressão "que judiaria!" é muito comum no Rio Grande do Sul. Vem da palavra "judeu", mas a maioria das pessoas não pensam nisso quando usam essa expressão em vez de dizer "que pena!" ou "sinto muito!". Dizem "que judiaria!" e se a pessoa comenta como isso é des

Poema ao contrário

O dia da língua portuguesa eu festejo fazendo uns versinhos: Poema ao contrário Se as palavras sumissem Caminhar descalço Seria apenas um gesto Sem adjetivos Extravagante, miserável Bêbado, festivo Marítimo Poderíamos criar asas Sem definições que nos informassem Que isso é impossível Riscaríamos os mapas dos livros Para eliminar as legendas E traçar novos caminhos com nossos pés Se as palavras sumissem Beijos voltariam a ser beijos E não um significado De amor  Ou traição Não haveria ambiguidade Ou arrependimento Mas também não haveria perdão Não haveria borrachas Sem palavras para apagar E as ofensas seriam eternas Marcadas como ferro na memória: A dor de um braço machucado A tristeza de uma lágrima Sem palavras o sentimento seria tátil Gelada a solidão Sem palavras, a mudez seria Uma pose, uma fuga Ou a paralisação Sem palavras não contaria até dez Antes do soco na cara Sem palavras não há solução.