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Mostrando postagens de janeiro, 2016

Uber e os novos sofistas

"Os empresários da indústria automobilística indenizaram, por acaso, os donos de carroças puxadas a cavalo?" Esta não é uma frase dita casualmente, mas é o tipo de afirmação que requer do interlocutor prontidão de sentidos para ativar a memória e elaborar uma resposta à altura da malandragem. Empresários como o autor da frase acima, que é fundador do Uber, não são apenas raposas nos negócios, também são águias na língua. A eficácia na comunicação é essencial para destruir um adversário no campo do comércio. Não por acaso, a "diplomacia" da indústria é chamada de departamento de comunicação externa e institucional. A guerra à concorrência se ganha na lábia (e no lobby). Sim, os cocheiros não foram indenizados. Na época da invenção do automóvel não havia grandes sindicatos, os cocheiros eram "profissionais autônomos", não tínhamos passado pela II Guerra Mundial e nenhum governo europeu tinha descoberto ainda que o estado de bem-esta

A PÁTRIA, A MÃE E A LÍNGUA

                                                               "Amo-te, ó rude e doloroso idioma,                    Em que da voz materna ouvi: 'meu filho!'" Não é novidade o meu apreço pelo poema "Língua Portuguesa", de Olavo Bilac, do qual cito os dois versos acima.  O poema inteiro é uma declaração de amor pelo português. Assim como amorosa e radical é a definição de Fernando Pessoa, por meio do heterônimo Bernardo Soares: "Não tenho sentimento nenhum politico ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriotico. Minha patria é a lingua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incommodassem pessoalmente, Mas odeio, com odio verdadeiro, com o unico odio que sinto, não quem escreve mal portuguez, não quem não sabe syntaxe, não quem escreve em orthographia simplificada, mas a pagina mal escripta, como pessoa própria, a syntaxe errada, como gente em que se bata, a orthographia sem ípsi

VOCÊ FALA PORTUGUÊS? ENTÃO AS LÍNGUAS INDÍGENAS SÃO UM PROBLEMA SEU

Confesso: o meu primeiro "estou estarrecida" de 2016 vai para a Pátria Educadora. Cito o veto da nossa Presidenta em relação ao projeto de lei que daria um lugar ao sol para as línguas indígenas no nosso mapa linguístico: “Apesar do mérito da proposta, o dispositivo incluiria, por um lado, obrigação demasiadamente ampla e de difícil implementação por conta da grande variedade de comunidades e línguas indígenas no Brasil. Por outro lado, a obrigação de se ministrar o ensino profissionalizante e superior apenas na língua portuguesa inviabilizaria a oferta de cursos em língua estrangeira, importante para a inserção do País no ambiente internacional. Por fim, a aplicação de avaliação de larga escala poderia ser prejudicada caso se tornasse obrigatória a inclusão de todas as particularidades das inúmeras comunidades indígenas do território nacional.” Presidência da República Federativa do Brasil, Mensagem nº 600, de 29 de dezembro de 2015. Eis os artigos vetados: "A e