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Mostrando postagens de janeiro, 2014

SANTA GNOMOLOGIA!

Não, não! Eu não acredito em duendes! O tema de hoje são os "gnomas", as máximas que dão à língua um sabor popular de tradição e muitas vezes sabem traduzir com fórmulas simples conceitos que exigem da ciência rigor e método nem sempre acessíveis em círculos amplos. Mas há também um subtema: a raiz "gno", que possui uma história muito interessante. Tudo começou com alguns comentários que fiz sobre o fato de que nem tudo que parece óbvio é realmente consensual. Como eu convivo cotidianamente com pessoas de diferentes culturas (e costumes), adequar o registro linguístico ao interlocutor é um cuidado constante que procuro ter. Então uma amiga recordou o ditado: em Roma como os romanos... A lembrança caiu como uma luva, não só porque moro em Roma, mas porque "Roma" é qualquer cultura diferente da minha e porque traduzir implica não apenas transpor de uma língua para outra, mas tornar inteligível e, quando possível, familiar para o interlocutor o conceito n

JORNALISMO NA TORCIDA

Ontem, lendo várias notícias sobre o mesmo assunto e vários textos jornalísticos apresentando a mesma linha política, experimentei a sensação de estar ouvindo o coro de uma torcida organizada. É o melhor! Caiu! Despencou! Eram os artigos comentando a lista anual de liberdade econômica da Fundação Heritage. Só encontrei uma voz dissonante, vou falar sobre ela adiante. Gente, que coisa feia. Pelo tom dos textos publicados, parece que a maioria dos autores limitou-se a fazer duas operações: copiar e colar o comunicado da instituição. Quem não é da área talvez não saiba que as instituições e empresas escrevem um artigo (que no meio os profissionais chamam de "release") para anunciar uma descoberta, uma iniciativa, um evento, um produto, etc. O comunicado é enviado para redações e agências de notícias, que escrevem o artigo a partir dos dados fornecidos, caso se trate de um tema relevante para o público. Os leitores podem não saber como as coisas funcionam nos bastidores

HÃ?

Vários jornais divulgaram a notícia da descoberta de uma palavra universal. Hã? Segundo os pesquisadores holandeses que fizeram o estudo, em todos os idiomas, a "palavra universal" possui semelhança fonética: hã, eh, huh, a, etc. Mas não é minha intenção aqui fazer a transliteração fonética, porque não é esse o ponto que me interessa. O que me deixou curiosa foi a pouca atenção dada pelo jornalismo divulgativo à questão pragmática que predomina no uso do termo "hã". Será que os linguistas colocaram isso em segundo plano? O fato é que "hã" é uma interjeição que indica sempre uma situação bem específica: a do interlocutor que lança o sinal de não ter entendido o que lhe foi dito. Mais: "hã" tem origem onomatopaica, como indicam alguns dicionários. Interessante, porque onomatopeia é uma expressão que imita sons da natureza ou o timbro da voz humana. A Wikipedia fornece uma lista de termos desse tipo, para quem tiver curiosidade: http://pt.wi