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Mostrando postagens de junho, 2012

ACHADOS E PERDIDOS EM PORTUGAL

CLICK, CLICK, 2012. Graças à rede, que não pode ser informática se não for humana, recebi uma atenciosa e preciosa contribuição sobre o uso dos termos listados por Francisco José Freire, que apresentei no texto anterior. Várias pessoas repassaram o pedido de informação sobre o uso dos termos em Portugal e sou grata pela disponibilidade, pela rapidez com que comentaram a lista de palavras e pelo cuidado em fazer o material chegar direitinho ao meu endereço. Um exemplo virtuoso de corrente. Espero que os leitores possam tirar proveito. Para mim os resultados foram muito interessantes. Reproduzo integralmente os comentários que me chegaram, só não cito o autor agora porque ainda não pedi sua autorização para fazer isso. Mas prometo agradecer devidamente assim que puder entrar em contato com todos os que participaram da coleta dos dados. " Há palavras que os brasileiros utilizam e que por cá são considerados arcaísmos. No entanto, na lista que me envias constam alguns termos

ACHADOS E PERDIDOS

Lisboa, 1842. Francisco José Freire publica o livro "Reflexões sobre a Lingua Portugueza" (língua sem acento) em que lista palavras que estão desaparecendo do idioma de Camões. Passados 160 anos ( errata : 170 anos! - ainda bem que sou professora de português, não de matemática), descobrimos com surpresa que muitas palavras assinaladas por Freire continuam sendo usadas. Não sei se as palavras que selecionei possuem muita difusão em Portugal, mas algumas certamente são bastante usadas no Brasil. É interessante que o autor ao comentar as palavras indique também as fontes antigas, em que o leitor poderá encontrar tais termos e talvez ter dificuldade de entendimento. Sintetizo as observações do autor, com algum comentário curioso para o falante de hoje. - Acatar : significava honrar com respeito. Hoje é entendido como obedecer. - Alardo : referia-se a grupo de soldados, em sentido figurado indicava ostentação. Hoje a palavra que usamos é "alarde", e o sentido

ANJOS E DEMÔNIOS

Não é o título de um livro de sucesso. É uma questão impregnada na cultura, independentemente do credo ou do ateísmo do falante. Basta lembrar que as duas mais importantes festas populares da cultura brasileira - carnaval e festas juninas - estão ligadas a ritos religiosos. A primeira antecede e é determinada pelo calendário da Quaresma, enquanto as festas juninas comemoram os santos de junho - de Santo Antônio a São Pedro, passando pelo ponto máximo, São João, quando não pode faltar a grande fogueira. Em português há muitas expressões idiomáticas que mencionam santos e outros seres celestiais. Em contrapartida, há também muitos ditos que aludem ao mal, geralmente evitando citar explicitamente o diabo, para afastar o mal evocado. Trata-se de manifestações espontâneas, que povoam a alma simples do nosso povo, incapaz de ver em tais expressões desrespeito às religiões em sua institucionalidade. Costumo dizer a meus alunos que não se pode falar fluentemente o português sem agregar

CUNHADO NÃO É PARENTE 2

Pobre blog! Parece ter ficado abandonado, mas gostaria de explicar aos leitores que estava impossibilitada de atualizá-lo.  - x - x - x - x - Segue mais uma lista de falsos cognatos, elaborada pela Sara Piccoli, com outras palavras que podem ser um calcanhar-de-aquiles para o falante estrangeiro. Continuamos na combinação Português-Italiano. cintura - punto vita pregar - inchiodare, fissare borracha - gomma carro - macchina empregada - donna di servizio área de serviço - zona de servizio (in una casa) padrão - standard dono - padrone gaveta - cassetto  Em breve vamos aprofundar esse tema, explorando outros elementos, que a Sara já assinalou e ainda não estão aqui.

O QUE É PRECISO PARA LER EM PORTUGUÊS?

Na universidade eu tinha um colega que lia dicionário. Não é brincadeira. Hoje é professor universitário, um profissional sério e competente. Mas é óbvio que esse resultado profissional não se deve à leitura do dicionário. Para não descredenciar meu colega, que respeito muito, é preciso explicar até o fim o seu método: ler dicionário era uma espécie de rito noturno, utilizado para desafiar a própria memória, para descobrir alguma palavra nova, para refletir sobre o léxico. Um velho mito consolidado entre professores de língua é que o conhecimento de um idioma é diretamente proporcional ao número de vocábulos utilizado pelos estudantes. Há inclusive pesquisas que mostram a relação entre o número de palavras utilizadas e a faixa salarial em que o profissional pode se colocar. Essa é uma grande falácia. Se assim fosse, os professores de português, os gramáticos e os linguistas receberiam uma remuneração milionária, e os físicos, com sua conhecida concisão, provavelmente seriam condena